- Não tenho nenhum problema para resolver hoje.
Vou perguntar de outra maneira: Você não gostaria de um dia poder levantar de sua cama sem ter que enfrentar nenhum problema?
Todos nós, jovens ou velhos, todos os dias, temos diferentes problemas para enfrentar.
Você vai estacionar seu carro, mas onde está a vaga? Você acaba estacionando cada vez mais longe de onde queria; o trânsito que não flui quando você mais precisa; Você não vai chegar a tempo para aquele compromisso que não pode faltar de jeito nenhum; o telefone fica sem bateria na hora que você mais precisa dele; a falta troco para pagar uma despesa de apenas dois reais; a interminável fila do banco para pagar aquela conta que vence hoje; o atraso para uma prova decisiva na sua escola; o atraso do avião que vai tumultuar seus planos; a falta de dinheiro para pagar o aluguel; o cartão bloqueado; a perda de horário para participar de uma licitação.
Eu poderia ficar horas falando de problemas e dificuldades para resolvê-los. Há problemas fáceis de serem resolvidos, mas que nos causam constrangimentos, por exemplo, um salto do sapato quebrado no meio de uma festa de casamento ou um problema difícil e muito complicado como a quimioterapia para tratamento de um câncer.
Como pastor, participei de problemas difíceis de serem resolvidos. Alguns deles tão insignificantes para mim, mas tão complexos para quem os estavam vivenciando.
Lembro de um casal que morava na mesma casa há 19 anos. Eles sentavam-se à mesa todos os dias para tomar refeições ao lado dos filhos, mas não trocavam uma única palavra nos últimos 6 anos. Ela só conversava com o marido através dos seus filhos dizendo:
- Fala para seu pai deixar dinheiro para pagar a conta de água.
Ao que o marido respondia:
- Diz para sua mãe que o dinheiro está em cima da televisão.
O mais ridículo para mim foi saber a origem do problema do casal: Ela deixou de falar com ele depois dele ter prometido levá-la numa viagem de navio e não cumpriu o prometido.
Parece que não podemos sair de casa sem levar dentro de nós, algum problema bem “cabeludo” para resolver: como por exemplo, uma febre daquelas e no caminho do trabalho começa a chover e você está sem guarda-chuva, problemão não é?
Ou então aquele trabalho importante que você passou dias elaborando e agora que entra na sala cheia de gente para te ouvir, você constata que os documentos ficaram trancados na sua gaveta, lá na sua casa.
Pior ainda, quando você está com problemas, a Lei de Murphy aparece diante de você de maneira pujante. Parece que tudo que podia acontecer de errado na sua vida, acontece nesse dia. Reunião importante, o pneu fura, o estepe está murcho, a tempo muda, começa a chover, um carro passa na sua frente e espirra água suja na sua camisa branca, o posto fica longe, você anda debaixo de chuva e quando chega lá o frentista diz que o borracheiro não foi trabalhar... e por aí vai...e seu dia está só começando.
Você começa a “desfrutar” de uma lei que você pensava que só acontecesse com os outros em forma de piadas.
Você começa a pedir a Deus paciência, mas como tê-la no meio dos problemas? É fácil falar em problemas quando eles estão longe de nós, mas o que dizer quando eles estão dentro de nós?
Fico a pensar nas pessoas lá no Japão depois do terremoto, depois do Tsunami. Agora o povo tem que enfrentar o temor da contaminação pela radiação nuclear. Para onde ir, onde esconder, como se proteger, onde tratar feridos, onde comprar alimentos, onde arrumar dinheiro se a casa e bens pessoais sumiram da rua que moravam. Onde encontrar seus objetos pessoais, talões de cheques, cartões de crédito? Tudo sumiu de uma hora para outra. Nem farmácias, nem supermercados, nem hospitais, nem médicos, nem casas, nem famílias, nem ruas. Tudo rodou, levando sonhos acalentados, levando sacrifícios de anos para realizá-los, levando vidas.
Vivemos num mundo imperfeito, imprevisível, sendo ameaçados 24 horas por dia pela intranqüilidade de nossas ruas, por um trânsito perigoso, por maldade instalada nos corações de bandidos e malfeitores.
Os problemas às vezes dão origem as oportunidades. Oportunidades essas que não existiriam caso os problemas não existissem. As pesquisas revelam que aprendemos muito mais com nossas derrotas do que com nossas vitórias. O fracasso quase sempre nos leva ao sucesso.
Problemas ajudam a formar nosso caráter, mesmo que proveniente de humilhação.
Quando eu tinha 15 anos andava diariamente da Praça da Sé até o largo do Cambuci para poupar o dinheiro da condução. Levava para o trabalho dois lanches, um para almoçar e outro para jantar. E o dinheiro poupado durante anos me permitiu pagar parte do meu primeiro carro. Mas era humilhante ter que comer meus lanches fechados dentro do toalete porque era proibido comer na mesa de trabalho. A humilhação me deu aprendizado para respeitar e valorizar as pessoas humildes.
Os problemas revelam nossas limitações em tratar com eles e nossa criatividade em poder contorná-los. Aprendemos com os problemas a não sermos auto-suficientes.
Os problemas revelam quão dependentes nós somos de ajuda.
Precisamos de ajuda nas questões financeiras, precisamos de ajuda para lidar com decisões que extrapolam a nossa capacidade de solucioná-los, precisamos de ajuda para nos reerguermos quando caímos, precisamos de ajuda quando perdemos tudo, precisamos de ajuda quando não sabemos decidir sozinho o nosso futuro.
Fiquei admirado quando vi os japoneses pacientemente aguardando horas na fila da distribuição de alimentos, organizados, esperando cada qual a sua vez de receber o benefício, todos sofrendo, mas todos pacientes.
Ficar murmurando e ruminando a existência de um problema, não ajuda a solucioná-lo.
Deus espera que cresçamos diante dos problemas e adversidades. Foi assim no passado, é assim no presente e será assim no futuro.
Precisamos encarar os problemas de frente “E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança” (Romanos 5.3-4).
Consultores empresariais renomados afirmam quanto mais pudermos colocar pessoas a nos ajudar na solução de problemas, melhor. A ajuda recíproca cria não só a cooperação humana, mas também os laços afetivos. “Hoje eu te ajudo, amanhã você me ajuda e juntos vamos solucionando nossos problemas”.
A cooperação nos torna especialista no relacionamento pessoal. “Também se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só como se aquentará? Se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; o cordão de três dobras não se arrebenta com facilidade” (Eclesiastes 4:11-12).
A coisa mais importante que eu aprendi na vida não estava nos livros, nem nos ensinos de meus professores. Estava nos problemas que eu tinha de encarar. Quanto mais sérios os problemas, mais eu me aproximava de Deus.
Nos aconselhamentos pastorais eu sempre dizia aos “problemáticos” sentados à minha frente: - Os problemas nos aproximam de Deus. Poucos problemas, Deus está longe, muitos problemas, Deus está perto.
Quando o desespero aparece, quando tudo está perdido, quando as dificuldades são tantas é aí que o “meu socorro vem do Senhor”.
Nas angustias clamamos ao Senhor que nos ouve e nos socorre, “Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo” (2 Coríntios 12.9).
Pense antes de sair por aquela porta; no problema mais sério que você já enfrentou na sua vida. Fixe-se nele e lembre-se que naquele dia que ninguém podia te socorrer, lá estava o Senhor. Lembre-se que você clamou a Ele e Ele te respondeu e responderá todas as vezes que for buscado.
Por isso é um problema não ter problema.
Que Deus seja Louvado!
DESCONHEÇO O AUTOR ( enviado por Érica Luttschlager)
